Quando o cometa Neowise nos visitou pela última vez decorria o ano de 4.746 AC. 

Não sabemos que nome lhe teriam atribuído nessa data. Talvez fosse visto como um Deus!

 

O cometa Neowise - Na fotografia podemos ver as luzes de Mêa, Muxagata, Foz Côa e Lousa

 

Nessa data cruzou-se com um pequeno planeta azul de clima ameno e ar limpo, repleto de vida animal, grandes espaços verdes e florestas que contrastavam com os vastos oceanos e alguns desertos.

No meio de tanta biodiversidade havia uma espécie de hominídeos que se destacava, ainda que, numericamente fossem muito poucos. Eram uns animaizinhos, relativamente primitivos que conseguiam fazer umas ferramentas rudimentares com umas pedras e uns paus. Caçavam, recolhiam alimentos e até já experimentavam a agricultura. Diz-se que viviam no Neolítico.

6.766 anos depois, num piscar de olhos à escala cósmica, o cometa voltou!

É apenas mais um ciclo da sua vida que se repete. Mais uma breve aproximação ao sol. Um pequeno "verão" que lhe permite, assim, receber alguma luz e calor antes voltar para para o seu longo, gélido e solitário “inverno” pelo espaço sideral.

Voltou, uma vez mais, a reencontrar o mesmo planeta. Ao longe ele ainda continuava azul!

Quando se aproximou um pouco mais pode constatar que grandes alterações tinham ocorrido. O planeta já não era verde e frondoso. As áreas verdes, as florestas, assim como a vida animal estavam a desaparecer. O planeta apresentava-se sujo, enegrecido e doente.

No entanto, aquela pequena e insignificante espécie de hominídeos primitivos tinha “evoluído”! Aprendeu a falar! Desenvolveu a agricultura, inventou a roda, a escrita, espalhou-se pelo planeta e conquistou-o. Inventou a religião, a política e a filosofia. Fez guerras. Criou e destruiu civilizações a um ritmo assustador. Fez a revolução industrial. Dominou a electricidade, o átomo e inventou computadores. Conquistou a lua e inventou a internet. Criou mega cidades, e… sobrelotou e esgotou o pequeno planeta até a exaustão.

A passagem do agora batizado Neowise, tal como outros cometas do passado que eram considerados os arautos de más notícias ou mensageiros celestiais, ficará associada ao aparecimento de um invisível e insignificante vírus que conseguiu fintar e bloquear toda a civilização global dos hominídeos. Colocou um pequeno travão à forma como o planeta se consome e lembrou aquela, espécie já evoluída mas “ainda primitiva” agora chamada de Raça Humana quem manda.

 

Castelo de Numão e o cometa Neowise

 

Daqui a 6.766 anos o cometa voltará a passar.
Será então possível ver as estrelas no céu?
Qual será o seu nome?
Haverá ainda algum exemplar daquela espécie “evoluída” que encontrou na sua última passagem? Haverá?
Vamos ver. É só mais um ciclo na vida do cometa.

Até ao próximo "verão"!