Foi durante a organização e identificação da “tralha” de slides que, aleatoriamente, surgiram uns de um arraial e fogo de artificio. Após uma observação mais detalhada verifica-se que faziam parte de um outro grupo de setembro de 1976.
Era o arreial da Festa do Sr. Bom Jesus dos Passos na Mêda!
Durante muitos anos esse fantástico momento foi passando a vagas e esbatidas lembranças perdidas algures no tempo. Após esta descoberta, repentinamente, tudo vem à memória e as recordações fotograficas, já vagas e quase perdidas, como por magia, regressam.
Estávamos em setembro de 1976 e a festa do Sr. Bom Jesus dos Passos na Mêda estava a chegar ao fim. Era noite e iria a assistir pela primeira vez a uma sessão de fogo-preso. Estava num lugar privilegiado. Da janela da casa do meu padrinho, mesmo em frente à Devesa onde seria realizado o fogo de artifício, teria uma visão excepcional. Ao meu lado estavam alguns familiares e o meu padrinho com a sua máquina montada no tripé e pronta para registrar o momento. A Devesa estava repleta de gente. O famoso fogo do Pacheco iria começar. No meio da escuridão miríades de faúlhas começam a sair e a criar formas. Aparecem brilhantes e coloridas figuras humanas animadas, desenhos e outros efeitos pirotécnicos. A Devesa rapidamente se enche de fumo e o cheiro a pólvora faz-se sentir. Um momento inesquecível. |
Fotografias de António Joaquim Rebelo.
COMEÇOU O ARRAIAL!..
Uma salva de vinte e um morteiros do fabrico do Pacheco da Meda, famoso pirotécnico que naquele tempo, competia, nos festejos de Nossa Senhora dos Remédios em Lamego, com os melhores fogueteiros de Vila Real e de Viana do Castelo, fez estremecer as terras portuguesas e espanholas num raio de mais de dez léguas, anunciando assim o início do arraial." ... "Uma série de foguetes de «lágrimas», com pasmo e admiração vermelhas, roxas, lilases, prateadas e douradas.
-Viva o fogueteiro! E a multidão respondeu, vibrante: -Viva!... O mesmo alguém gritou, ainda: -viva o Pacheco!... E a multidão bradou: -viva! Viva!"
IN "Um jogo da barra às portas de Almeida em pleno Século XIX" de José de Abrunhosa
|